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segunda-feira, 26 de março de 2007


o nome dela era inês, o dele não era pedro... havia uma constança... e, apesar de não se comportar como tal, dissera-lhe que a amava, que não poderia viver sem ela.
estranho para inês... e não tinha que acreditar.
e ali estava, prostada, inanimada, morta...
à chegada, inspector não detectou quaisquer sinais de violência. a vítima estava aparentemente intocada. não houvera luta com resistência, não havia desordem ou arrombamento, não faltava um objecto que fosse.
o pc estava desligado... não estivera ligado nas horas mais recentes...havia muitos email por receber, alguns com dias... nada comprometedor ou suspeito. respostas por enviar, atraso no trabalho... e inês era dedicada às suas respostas, aos seus trabalhos...
suicídio, a primeira suspeita... não havia um bilhete, uma nota escrita, nada visível...
um enigma... nada fazia acreditar em tal desfecho... inês era uma mulher calma, segura, sem segredos. o suicídio não cabia na sua luva porém ali estava no chão, sem expressão...
os comentários faziam-se em surdina...
estranhamente ninguém tocara no corpo, imóvel, relaxado.... e quente...
iriam certamente retirá-la dali... iriam retalhá-la, mais do que já o tinha sido...
não... não tinha que acreditar...
o seu corpo estava imóvel, nem o ondulado do seu cabelo aloirado mexia, os seus olhos tinham-na traído e continuavam atónitos, julgava ter conseguido ver para além de uma verdade e deparou-se com a maior das mentiras...
não era possível deixar de fixar aquele ponto, aquela data no futuro que a trazia cativa, aquele dia já marcado...
não! ela não estava morta, estava ainda a morrer com esperança de não morrer desta...
como fazer os outros ver?
iriam levá-la dali, num saco preto...
os seus olhos, que fixavam aquele ponto que parecia ainda no infinito, buscaram outro ponto no passado... inês tinha que reagir, fazer-se notar... não era possível que tal se estivesse a passar consigo... era segura mas tinha segredos, alguns impossíveis de confiar.
conseguiu recuar no tempo, fixar outro ponto, reviu a traição (dos seus olhos), lamentou-se, sentiu pena de si... viajou de novo àquela data futura que a trazia cativa... regressou... sentiu pena de pedro... como? e ela, sentiria pedro pena dela?... era uma data que a trazia cativa... uma data que estaria a chegar, já faltava pouco... os nervos apoderaram-se de inês e consegui verter uma lágrima, duas... começou um pranto que lhe trazia o peito dorido... que pena!... e fez-me notar, quente...
aquele pranto salvou-a, para já... inês sabe que é apenas uma data que a traz cativa, nada mais... onde está o pedro? dele não havia nada, nem uma singela flor... era um engano... seria o principal suspeito mas anda a monte.

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